Crítica: Ataque dos Cães (2021)

Dá gosto ver uma cineasta tão boa como Jane Campion em total controle de sua arte. Em Ataque dos Cães (The Power of the Dog, 2021), ela criou algo único mais uma vez. Suas decisões são as mais acertadas possíveis, explorando todo o potencial desta adaptação de um livro sobre um cowboy enrustido que atormenta sua nova nora e o filho afeminado dela.

Além de contar com imagens acachapantes e uma trilha sonora espetacular, o filme transcende com a ajuda do elenco brilhante, cujos personagens geram sentimentos diversos e até contraditórios. Benedict Cumberbatch está em seu melhor momento, vivendo alguém que poderia facilmente ter virado uma caricatura nas mãos de outro ator. O mesmo pode ser dito de Kodi Smit-McPhee, cujas facetas estão escondidas em sua performance extremamente sutil. Por sua vez, Jasse Plemons consegue dar a leveza que o filme pede, inclusive rendendo cenas de suspirar com Kirsten Dunst, que faz um trabalho angustiante que nunca fica num tom só.

A condução da narrativa é intoxicante, como se Campion fosse uma encantadora de serpentes. Quando menos percebemos, estamos rendidos ao seu encanto. Com bastante delicadeza e complexidade, o filme desconstrói o faroeste e gera discussões relacionadas a masculinidade, repressão e sexualidade.

O filme é daqueles que vão conquistando pouco a pouco, revelando camada atrás de camada a cada nova cena, culminando num final surpreendente e que desperta a vontade de rever a obra para tentarmos pegar indícios que não percebemos na primeira vez. Trata-se de um drama recheado de tensão e sensualidade, marcas registradas da filmografia desta grande diretora.

Nota: 10

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