Crítica: Agente Duplo (2020)

Raramente o cinema representa a solidão de quem vive em asilos de maneira complexa e com o respeito que o tema merece. É comum obras usarem idosos como foco de piadas etaristas, e ambientes assim geralmente são palco para cenas sem muita nuance. Com filmes como Agente Duplo (The Mole Agent, 2020), essas pessoas tão vulneráveis ganham uma bela homenagem.

Nesse criativo documentário chileno, um senhor é contratado para se infiltrar em uma casa de repouso para investigar se a equipe do lugar é abusiva. Porém, ao conviver com os moradores do local, o protagonista não só cria laços, mas também percebe que o principal problema não é o time de funcionários, mas a forma como os idosos que vivem lá se sentem. O peso do abandono é de cortar o coração.

A diretora Maite Alberdi é muito inteligente ao brincar com o formato para contar sua história, evitando a estrutura de entrevistas, comum em documentários, e deixando a narrativa fluir como se estivéssemos testemunhando um filme de ficção. Apesar de toda a tristeza que as circunstâncias envolvendo os personagens proporciona, a diretora mantém um clima de leveza, ressaltado pelas interações encantadoras entre os complexos personagens, que vão revelando suas angústias pouco a pouco, gerando um impacto emocional poderoso no fim da obra.

Crítica: 8.5

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