Crítica: Spencer (2021)

Vários outros projetos já revelaram como a princesa Diana foi uma vítima da tradição em que ela acabou inserida. Porém, nunca tínhamos entrado tão a fundo na mente de Lady Di como em Spencer (2021), filme que foca inteiramente nela e deixa o resto da família real britânica na posição de antagonista.

O diretor Pablo Larraín evita clichês comuns em biografias. Ele faz do martírio da protagonista uma ponte para que o público a entenda e enxergue a pressão e o sofrimento pelos quais ela passava. Desde o princípio, fica bem claro que a obra é uma espécie de fábula, imaginando o que teria acontecido com Diana durante um fim de semana natalino em um momento em que seu limite já estava sendo alcançado depois de tanto sofrimento. 

Graças a uma fotografia etérea e a uma trilha sonora desconfortável, o clima é de filme de terror, refletindo bem o desespero da personagem principal. Trata-se, portanto, de um drama opressivo, que pode gerar vários gatilhos, principalmente em quem sofre transtornos alimentares. Apesar disso, o cineasta preocupa-se em humanizar aquela pessoa tão querida em vez de sensacionalizar seu sofrimento. 

Os alívios vêm a partir da interação de Diana com alguns funcionários, o que rende boas cenas com os ótimos Sally Hawkins, Timothy Spall e Sean Harris. Além disso, o filme ganha a afetuosidade necessária nos momentos que Diana passa com seus filhos. Esse respiro é como um alívio em meio à atmosfera delirante de pesadelo. 

Tecnicamente impecável, Spencer só tropeça quando o roteiro tenta deixar as metáforas e os sentimentos muito explícitos. Essa obviedade é compensada pela atuação de Kristen Stewart, que incorpora os trejeitos de Diana sem exageros. A atriz impressiona com uma composição meticulosa mas que é livre o bastante para despertar emoções viscerais, sempre mantendo a essência da personagem.

Nota: 8.5

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