Crítica: Estou Pensando em Acabar Com Tudo (2020)

Filmes ambiciosos o bastante para abordar questões complexas e profundas com muita personalidade são sempre bem-vindos. Estou Pensando em Acabar Com Tudo (I’m Thinking of Ending Things, 2020) não atinge o alvo inteiramente ao fazer isso, mas chega bem perto de ser um grande filme.

A frustração do término iminente de um namoro é o pontapé dessa obra, que mistura diferentes gêneros e é bem difícil de classificar. A fotografia e toda a parte sonora do filme proporcionam momentos difíceis de tirar da mente. O mesmo vale para as atuações de Jesse Plemons, Toni Collette, David Thewlis e principalmente Jessie Buckley, que já tinha mostrado seu imenso talento em As Loucuras de Rose (Wild Rose, 2019). Todos os questionamentos e nuances da protagonista funcionam graças à entrega dessa atriz, que nos encanta mesmo quando a personagem se mostra desagradável.

Com cenas não lineares e longas conversas desconfortáveis, Charlie Kaufman trabalha com a quebra de expectativas o tempo todo. É ótimo quando artistas têm liberdade total para se expressar. No entanto, isso pode ser um empecilho para diretores com dificuldade para editar o próprio roteiro, resultando em uma obra com excessos desnecessários. Não é à toa que seus melhores trabalhos são dirigidos por outras pessoas.

É uma pena que o foco mude no último ato para outro personagem, o que acaba deixando a impressão de que fomos trapaceados e que a pessoa em quem investimos nossa atenção não passou de escada para outro personagem, justamente aquele que reflete o cineasta. Apesar disso, Estou Pensando em Acabar Com Tudo é uma obra fascinante e pode revelar novas camadas e detalhes diferentes cada vez que for revisitada.

Nota: 7.5

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