Crítica: Devorar (2020)

Inspirado na vida de sua avó, o cineasta Carlo Mirabella-Davis criou Devorar (Swallow, 2020) para ir fundo no drama de uma mulher que, ao se sentir pressionada para ser a esposa perfeita, acaba desenvolvendo um distúrbio extremamente perigoso chamado pica, transtorno alimentar que leva à ingestão de coisas que não são comida, incluindo objetos afiados.

O filme é um suspense elegante, que não exagerar na dose, inclusive nas desconfortáveis cenas de ingestão dos objetos. O apuro visual do diretor é bastante sofisticado e a performance de Haley Bennett é um arraso. A atriz nunca trata a personagem como uma caricatura e faz a gente torcer para ela graças à sua graciosidade, que esconde um mar de frustrações e traumas. É como uma versão moderna da Mia Farrow em O Bebê de Rosemary (Rosemary’s Baby, 1968).

Outro grande acerto de Devorar é a preocupação em não julgar a complexa personagem principal, deixando claro que ela está doente e não consegue controlar os próprios impulsos autodestrutivos sem ajuda. A cena em que ela confronta alguém do passado mostra não só o talento de Bennett, mas também a maturidade do diretor, que tem êxito ao fazer o público ter mais empatia por pessoas como sua protagonista.

Nota: 8.5

Related Post

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Translate »
RSS
Follow by Email