Cobertura 10º Olhar de Cinema – Crítica: O Dia da Posse

Exibido no 10º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, o longa-metragem O Dia da Posse (2021) é um belo exemplo de como dar frescor e leveza a uma história ambientada na pandemia, sem comprometer o peso do tema.

O novo filme de Allan Ribeiro acompanha o cotidiano de um jovem estudante cheio de planos para o futuro em meio ao período de confinamento decorrente da pandemia da Covid-19, incluindo ambiciosas aspirações profissionais e políticas. A rotina de Brendo Washington, com quem o diretor convive durante os meses de isolamento social no Rio de Janeiro, é mostrada com bastante suavidade e bom humor neste filme metalinguístico com uma fachada de documentário

Em certo momento, o protagonista deste filme intimista chega a citar que considera o filme experimental, e realmente trata-se de uma obra com esse caráter. No entanto, o fato de ser um retrato caseiro não significa que o filme seja amador. Muito pelo contrário, o esmero técnico é visível, como na parte sonora e na fotografia criativa. Seja filmando animais, vizinhos, seu personagem principal ou si próprio, Ribeiro apresenta um olhar seguro e inspirado.

Muito mais do que um registro histórico, O Dia da Posse é um filme sobre sonhos. O jovem que é o foco da obra tem carisma e complexidade de sobra, e as reflexões sobre o passado, o presente e o futuro refletem bem o contexto político e social do Brasil, em alguns momentos de forma mais natural que em outros. Aliás, a naturalidade é uma questão com a qual o próprio cineasta brinca em várias cenas, inclusive expondo a artificialidade da construção narrativa de um documentário.

Nota: 8

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