Quase 15 meses depois de Parasita (Parasite, 2019) elevar os nossos níveis de serotonina ao vencer o Oscar de melhor filme, a premiação seguinte finalmente aconteceu. Foi uma longa jornada até aqui, devido às consequências da pandemia. Com uma bela seleção de filmes e artistas que representaram bem o ano que passou (e o comecinho de 2021), a premiação da Academia prometia vitórias marcantes e isso o Oscar 2021 entregou. Ainda que tenha pecado aqui e ali, o saldo dos vencedores foi positivo, com inúmeros premiados entrando para a história do cinema. Já a cerimônia em si foi uma sucessão de erros que culminou num dos momentos mais vergonhosos dos últimos anos.
Quer saber quais foram os altos e baixos do Oscar 2021? Confira abaixo:
Altos
Vamos começar com a parte boa, né? Depois de uma temporada inteira com premiações feitas virtualmente, foi reconfortante ver estrelas no tapete vermelho novamente, usando looks lindos e alguns bastante “fora da caixa”. E dava para perceber como havia um cuidado com o uso de máscaras durante os trajetos e para manter o distanciamento nas entrevistas.
A cerimônia começou sem as piadas tradicionais de abertura, substituídas pela estilosa entrada de Regina King até o palco, mostrando quase todo o ambiente, bem diferente do típico Dolby Theater, onde costuma ocorrer a premiação. Neste ano, os indicados ficaram separados por “ilhas”, de forma similar ao que ocorre no Globo de Ouro, com diferentes artistas em cada mesa. A diferença na quantidade de pessoas presentes foi expressiva.
Quando os anúncios começaram, pudemos conhecer um pouquinho mais sobre cada indicado, com o apresentador de cada categoria fazendo uma breve introdução sobre cada artista. Mas o que mais chamou atenção positivamente foi a liberdade total para cada vencedor discursar sem restrição de tempo, o que foi ótimo, já que nós esperamos tanto tempo justamente para ver esses momentos, não para que uma música apresse os artistas e o microfone seja cortado, como costuma acontecer.
Baixos
Com a intenção de emular um filme, Steven Soderbergh e os outros produtores se arriscaram bastante, mas a maioria dos riscos não deu certo. O primeiro equívoco foi a forma como tudo foi filmado. Além de ângulos que deixavam todo mundo no canto da tela, a iluminação estava estourando nos indicados, o que apenas ressaltou a estética pouco sofisticada da decoração, inclusive do palco.
Outro erro foi deixar as apresentações dos indicados a “melhor canção” em um pré-show. A ausência de momentos mais alegres como esses fizeram muita falta no decorrer da cerimônia, que correu num ritmo burocrático e robótico, sem qualquer tipo de respiro, com exceção de uma brincadeira mais para o final envolvendo Glenn Close, que roubou a cena com sua disposição para descontrair o público.
Também foi uma péssima decisão incluir clipes dos indicados em apenas algumas categorias, deixando as introduções cansativas depois de um tempo. Para uma premiação que reconhece o melhor do cinema, um meio inerentemente visual, foi frustrante não ver os filmes destacados nos chamados Oscar clips, como sempre ocorre.
E, antes de falarmos da pior parte, é preciso apontar que até no In Memoriam, segmento que homenageia os artistas falecidos ao longo da temporada, os produtores erraram feio. Não só deixaram inúmeros artistas de fora, como também fizeram uma apresentação sem clipes, só com a foto de cada pessoa. E não ajudou o fato de ter sido numa velocidade rápida demais, com uma música animada demais para esse tipo de homenagem.
Por fim, um dos maiores motivos da recepção negativa ao Oscar 2021 foi a quebra na estrutura. Uma coisa é misturar a ordem que costuma ser usada para anunciar os vencedores (em geral, “melhor atriz coadjuvante” é uma das primeiras categorias, mas neste ano deixaram mais para o meio da cerimônia, por exemplo). Até aí, tudo bem. O que não dá para justificar é colocarem “melhor filme” antes de “melhor atriz” e “melhor ator”. Além de ter deixado o fim anticlimático, não fez sentido não deixar a categoria máxima por último, reduzindo o impacto da vitória de Nomadland, que contou com Frances McDormand uivando numa bela homenagem a Michael Wolf Snyder, mixador de som que faleceu recentemente).
Mesmo com excelentes vencedores, ficou ainda mais aparente a predileção por atores brancos nas categorias principais, e não foi de bom tom terminar com melhor ator. Talvez pensando na audiência, os produtores fizeram isso imaginando que Chadwick Boseman venceria e sua viúva faria um discurso inspirador, terminando a noite em alta. No entanto, Anthony Hopkins ganhou por sua atuação espetacular, mas a Academia supostamente não permitiu discurso via Zoom e supostamente não deixaram Olivia Colman agradecer por ele. Assim, o apresentador da categoria ficou sem graça e a cerimônia acabou bruscamente. Em geral, um host não faz falta, mas em momentos como esse, poderia ter fechado a premiação com mais sutileza (ainda que não tivesse como deixar o fim menos anticlimático).
Quem venceu o Oscar 2021?
Os vencedores você confere na lista a seguir:
FILME
Nomadland
DIREÇÃO
Chloé Zhao, Nomadland
ATRIZ
Frances McDormand, Nomadland
ATOR
Anthony Hopkins, Meu Pai (The Father)
ATRIZ COADJUVANTE
Youn Yu-jung, Minari – Em Busca da Felicidade (Minari)
ATOR COADJUVANTE
Daniel Kaluuya, Judas e o Messias Negro (Judas and the Black Messiah)
FILME INTERNACIONAL
Druk: Mais uma Rodada (Another Round)
DOCUMENTÁRIO – LONGA-METRAGEM
Professor Polvo (My Octopus Teacher)
ANIMAÇÃO – LONGA-METRAGEM
Soul
ROTEIRO ADAPTADO
Meu Pai
ROTEIRO ORIGINAL
Bela Vingança (Promising Young Woman)
EDIÇÃO
O Som do Silêncio (Sound of Metal)
FOTOGRAFIA
Mank
TRILHA SONORA
Soul
CANÇÃO
Fight For You – Judas e o Messias Negro
DESIGN DE PRODUÇÃO
Mank
FIGURINO
A Voz Suprema do Blues (Ma Rainey’s Black Bottom)
MAQUIAGEM E PENTEADOS
A Voz Suprema do Blues
SOM
O Som do Silêncio
EFEITOS VISUAIS
Tenet
DOCUMENTÁRIO EM CURTA-METRAGEM
Colette
CURTA-METRAGEM DE FICÇÃO
Two Distant Strangers
CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO
If Anything Happens I Love You
Curtiu os vencedores do Oscar 2021? E a cerimônia? Conte nos comentários o que você mais gostou e menos gostou!