Crítica: Alice Júnior (2020)

Desde o começo, a protagonista de Alice Júnior (2020) já se apresenta exatamente como é, uma adolescente trans criativa, carismática e sem rodeios. Essa definição vale também para o filme em si. Bastante inventiva, esta comédia aposta num tom quase pueril, o que não quer dizer que as piadas não sejam inteligentes ou que as partes dramáticas sejam rasas. Pelo contrário, a obra não foge das dificuldades enfrentadas pela protagonista, uma jovem tentando se adaptar à nova escola em uma fictícia cidade conservadora no interior do sul do Brasil.

Assim como qualquer pessoa da sua idade, a preocupação com o primeiro beijo é uma constante, e é uma experiência muito agradável acompanhar o cotidiano dessa adolescente, interpretada pela cativante Anne Celestino Mota. O diretor Gil Baroni cria um universo tão jovial quanto sua protagonista, acertando não só no tom mas também na estilização visual.

É emocionante ver um filme que te faz perceber como já avançamos na luta pela representatividade LGBT+ dentro e fora das telas. Há alguns anos, seria praticamente impensável vislumbrar uma comédia brasileira assumidamente queer para um público amplo. Alice Júnior é um passo enorme para que novos artistas se inspirem e possam fazer o mesmo que o diretor conseguiu: gerar mais empatia a partir de uma história capaz de tocar pessoas de todas as idades e de diversos contextos sociais.

Nota: 8.0

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