Crítica: Meu Pai (2021)

Uma das melhores coisas que o cinema faz é despertar a nossa empatia. Ao nos colocar na pele de outras pessoas, a sétima arte consegue gerar reflexões capazes de mudar a forma como pensamos, abrir mentes e até transformar vidas. Um exemplo disso é a força do devastador Meu Pai (The Father, 2021), que mostra a deterioração da mente de um senhor com demência.

A estrutura intrincada do roteiro, a edição complexa e o design de produção inspirado contribuem para que fiquemos tão desnorteados quanto o protagonista. Conforme sua mente vai piorando, acompanhamos as sensações de medo, angústia, frustração e desespero a cada momento em que o personagem fica sem chão ao esquecer algo ou não entender o que está acontecendo ao seu redor.

Florian Zeller fez as melhores escolhas possíveis, sem deixar que a origem teatral virasse uma restrição. A forma como ele conduz a história é quase tão assustadora e tensa quanto um filme de terror em que o protagonista precisa escapar de um labirinto cujas paredes se alteram a cada novo movimento. Tudo isso sem nunca fazer do sofrimento do doente um espetáculo apelativo e piegas.

O elenco está ótimo, em especial Olivia Colman, que vive com muita naturalidade a filha que precisa decidir o que fazer diante do avanço da doença do seu pai, cujas consequências afetam diretamente toda a sua rotina e levam a um sofrimento indescritível. Mas é o desempenho de Anthony Hopkins que faz de Meu Pai um filme tão marcante. O veterano usa a oportunidade para flexionar músculos de atuação que nunca tínhamos visto até então. É inspirador ver um profissional com tantos anos de experiência mostrando algo novo e impressionante depois de tanto tempo.

Nota: 9.0

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