Crítica: Vento Seco (2020)

Sem nenhum pudor, Vento Seco (2020) nos seduz como se estivéssemos dentro de uma fantasia sexual regada a muitos fetiches realizados sob acachapantes luzes neon. Com um tom de suspense, imagens que grudam na memória e símbolos sexuais permeando cada canto da tela, este ousado filme brasileiro remete a obras como Querelle (1982), Um Estranho no Lago (Stranger by the Lake, 2014) e O Ornitólogo (The Ornithologist, 2017).

O cineasta Daniel Nolasco faz um filme sem amarras, usando o sexo explícito e a fetichização de corpos masculinos sem qualquer tipo de restrição ou julgamento. De forma intoxicante, a obra acompanha a rotina de um funcionário de uma fábrica de fertilizante cujas escapadas sexuais começam a gerar sensações inesperadas quando um novo interesse sexual e romântico passa a despertar desejo e ciúmes.

A entrega de todos os atores é impressionante e a trilha sonora ajuda a deixar as situações ainda mais envolventes. Leandro Faria Leo nos hipnotiza enquanto parece esconder a profundidade de seu personagem no olhar e em pequenos gestos. Sua química com Allan Jacinto Santana e Renata Carvalho ajudam a colocar a obra num espectro mais realista e menos etéreo.

A proposta de Vento Seco é nos deixar em transe e proporcionar uma experiência provocante enquanto entramos na mente de seu protagonista. Mais do que plot, o filme explora o Id do protagonista com grande sucesso, criando uma espécie de jornada de sensações feita sob medida para cativar o público LGBT+ masculino.

Nota: 9.0

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