Cobertura 26º Festival É Tudo Verdade – Crítica: Fuga (2021)

A jornada de dor, medo e tristeza pela qual refugiados passam requer uma abordagem autêntica para retratar este tema sem minimizar o sofrimento de quem precisa fugir do país que considerava seu lar. No belíssimo Fuga (Flee, 2021), o público é obrigado a encarar essa dura realidade, mas a abordagem brilhante escolhida proporciona uma experiência não só devastadora, mas também emocionante.

Todas as escolhas do diretor Jonas Poher Rasmussen são brilhantes, desde o uso de animação para contar a história real de um homem que fugiu do Afeganistão com parte da família quando ainda era um menino até a estrutura de ficção, que deixa tudo ainda mais envolvente. Além disso, o cineasta acerta na forma como propõe ao personagem principal compartilhar sua trajetória cheia de reviravoltas, garantindo uma grande naturalidade e fluidez à narrativa.

A obra nos transporta para as memórias do protagonista e nos faz confrontar todas as consequências dos traumas causados por tudo que viveu. Um dos aspectos mais fascinantes é o fato de mostrar, com muita sutileza, que refugiados não são apenas pessoas fugindo de uma realidade horrível e de uma morte iminente, mas pessoas cheias de complexidades, sonhos e particularidades. Uma dessas características é a sexualidade do personagem principal, e ver como ela faz parte de sua jornada é algo lindo de testemunhar.

Apesar de lidar com temas complexos, o filme explora tudo de maneira acessível, mas nunca menosprezando a nossa inteligência ou deixando a complexidade de lado. Fuga coloca uma lupa sobre o micro para revelar o macro, criando um filme importante e inesquecível.

Nota: 10

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