Crítica: Tempo (2021)

Night Shyamalan tem uma carreira curiosa. Depois do estrondoso sucesso de O Sexto Sentido (The Sixth Sense, 1999), o cineasta ficou marcado por altas expectativas, principalmente em relação aos twists finais de seus suspenses. Mesmo com uma série de filmes recebidos positivamente, sua reputação ficou comprometida após várias obras com qualidade duvidosa. Nos últimos anos, o diretor conseguiu recuperar sua credibilidade, mas cada novo filme ainda parece uma caixa de surpresas no que diz respeito à qualidade.

O mais recente é Tempo (Old, 2021), baseado em uma graphic novel. A premissa é bem simples: uma família viaja para uma praia paradisíaca onde coisas estranhas começam a acontecer com quem está lá. Shyamalan mantém o clima de tensão e desorientação a partir de soluções inventivas, fazendo a câmera acompanhar o ritmo alucinante com movimentos e ângulos ao mesmo tempo inusitados e eficazes para nossa imersão. Em algumas cenas, por exemplo, a câmera movimenta-se no mesmo sentido que os ponteiros de um relógio, exacerbando ainda mais o sentido de urgência dos acontecimentos.

Algo presente em boa parte de sua filmografia e que combina com o tema de seu novo filme é a preocupação com relações familiares. Sem qualquer cinismo, o cineasta nunca se esquece de manter o foco nos conflitos internos dos personagens principais, mesmo quando eles passam por situações mirabolantes e beirando o ridículo. O núcleo emocional e as reflexões existenciais são o grande trunfo da obra, que tem vários momentos genuinamente tocantes. O único tropeço é a presença de “gorduras” nas últimas cenas. Alguns momentos acabam sendo redundantes e poderiam ter sido cortados.

Nota: 8

Related Post

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Translate »
RSS
Follow by Email