Crítica: Tenet (2020)

O que acontece quando um cineasta faz tanto sucesso que recebem carta branca para fazerem tudo que querem? Filmes como Tenet (2020) acontecem. Claro que nem sempre interferências são produtivas, mas no caso de Christopher Nolan a impressão que fica é que absolutamente ninguém tem liberdade para chegar nele e apontar que certas coisas não funcionam. E, com certeza, ele não deve ouvir as críticas ao trabalho dele.

Personagens femininas mal desenvolvidas, sons que atrapalham os diálogos e principalmente exposição desnecessária nas cenas de explicação sempre foram reclamações constantes na filmografia do Nolan. Em seu filme mais recente, parece que tudo isso chegou ao ápice, além da falta de inspiração para entregar algo tão inventivo quanto é prometido no início da obra.

O filme até começa muito bem, com uma abertura intrigante e orquestrada com gosto, mas logo começa a enxurrada de explicações, que só confundem – talvez para mascarar a falta de profundidade do roteiro e do vilão constrangedoramente mal feito. Outro problema é que o grande diferencial da obra (as cenas de inversão) não tem nada de especial ou impressionante. Apesar de ter algumas cenas de ação muito boas e entreter a todo instante, a aventura acaba se tornando repetitiva.

Tudo isso quer dizer que Tenet é ruim? Não chega a tanto, pois tecnicamente é um espetáculo, com destaque para a trilha sonora memorável, os efeitos práticos, o figurino sofisticado e a edição eficaz. Além disso, o trio de heróis nos cativa do início ao fim. Só é uma pena que o ego do Nolan o impediu de ver que nem tudo o que ele tinha na mente era tão brilhante como ele deve ter imaginado.

Nota: 6.5

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