25 de abril de 2021. Praticamente 10 meses até o Oscar, que anunciou a nova data da cerimônia e um novo período de elegibilidade, após definir a inclusão de alguns filmes de streaming. Até a Covid-19 mudar o mundo, a maior celebração do cinema estava marcada para o fim de fevereiro e poderiam concorrer os filmes que estreassem até 31 de dezembro de 2020. Agora, esse período termina só em 28 de fevereiro, ou seja, filmes que pretendem concorrer ao próximo Oscar terão mais dois meses para estrearem. A pergunta que não quer calar é: isso é bom ou ruim?
A intenção da Academia é permitir que filmes que não conseguiriam ficar prontos ate dezembro possam concorrer, estreando um pouco depois. Tudo muito lindo, todo mundo tendo mais tempo para ser considerado e mais tempo para a cerimônia acontecer sem ser via Zoom, certo? Não exatamente…
Com a mudança, filmes menores e que estrearam bem antes de janeiro e fevereiro de 2021 terão bem menos chances de ser lembrados. Se até então filmes elogiadíssimos como Destacamento Blood, First Cow, Shirley, Never Rarely Sometimes Always e até o nosso Bacurau tinham chances de se destacar nas premiações devido à ausência de boa parte dos chamados “Oscar bait” (isca para Oscar), agora esses filmes pequenos e lançados durante o auge da pandemia devem ficar tão esquecidos quanto os filmes que estreavam nos primeiros meses de anos tradicionais.
Nós sabemos muito bem que a Academia é louca por biografias convencionais e grandes filmes de estúdio feitos por figuras bastante conhecidas. Já estávamos vendo filmes independentes e internacionais tendo dificuldade para serem lembrados nas principais premiações dos últimos anos. Com a nova data, isso deve se repetir, com os filmes que parecem feitos para concorrer ao Oscar estreando no limite do período de elegibilidade e roubando a atenção para eles, como sempre acontece.
“Ah, mas Parasita ganhou este ano”. Sim, mas ele foi praticamente o único filme bem pequeno a entrar na categoria principal e não dá ainda para dizer se a vitória histórica mostra uma tendência ou se vai virar uma exceção (assim como a vitória de Halle Berry, que não abriu novos precedentes como se esperava, infelizmente). E, falando em filmes internacionais, talvez a única vantagem da nova elegibilidade é o fato de que muitos países terão mais opções para escolher seus representantes, já que a maioria dos países viu suas produções e seus lançamentos serem interrompidos, o que afetará a trajetória internacional deles.
Como o Oscar ainda dita tendências, o que provavelmente veremos nas próximas semanas é festivais, listas de críticos e outras premiações anunciando mudanças em seus períodos de elegibilidade. O BAFTA já divulgou que a nova data da cerimônia também será em abril. E muitos estúdios devem escolher o período de janeiro e fevereiro para lançarem possíveis pesos pesados cujas produções estavam interrompidas.
Se a Academia acha que vai as grandes biografias e filmes que já nascem com buzz completarão suas produções a tempo do fim do novo período de elegibilidade, ela pode se dar mal. Como o Coronavírus tem mostrado, tudo isso pode ser um tiro do pé, afinal, não há garantia de que os filmes voltarão ao processo de onde pararam nos próximos meses, não só porque há a necessidade de novas medidas de segurança em todas as etapas, mas também porque não dá para saber se novas ondas forçarão as produções a pararem novamente. Se isso acontecer, o que a Academia vai fazer? Adiar novamente para dar mais tempo para seus queridinhos terem tempo de concorrer? Enquanto isso, pequenos grandes filmes vão ficando para trás…
E você, como avalia a nova data do Oscar? Conte nos comentários!