Você se lembra daquela sensação estranha, deliciosa e excitante que teve quando se apaixonou pela primeira vez por alguém que parecia muita areia para seu caminhão? É isso que a cineasta Céline Sciamma capta em Lírios D´Água (Water Liles, 2007), sua estreia em longas-metragens.
Ao acompanhar uma pré-adolescente encantada por uma jovem irresistível, a diretora nos transporta para a época de nossas vidas em que a descoberta de uma paixão nos levou a fazer o que estava ao nosso alcance para estarmos mais perto do nosso primeiro crush.
Ainda que não seja tão avassalador quanto seus filmes seguintes, o debut de Sciamma é tão cativante quanto os outros, deixando você hipnotizado do início ao fim. Graças ao olhar empático da diretora e à presença magnética de Adèle Haenel, a fixação da protagonista nos coloca em seu lugar e faz a gente se lembrar até dos momentos em que fomos patéticos atrás de alguém que não merecia toda a nossa dedicação.
Haenel repetiu a parceria com Sciamma em Retrato de uma Jovem em Chamas (Portrait of a Lady on Fire, 2019), que merecidamente ganhou o prêmio de melhor roteiro no último Festival de Cannes. A diretora aborda a temática LGBT+ desde sua estreia, de forma sensível e com muita delicadeza. No primeiro filme, a pegada é mais pueril, justamente por se passar no universo de atletas de nado sincronizado passando pela fase de descobrir o amor e descobrir sua própria sexualidade.
Nota: 8