Quando nós estamos na escola e precisamos aprender sobre eventos históricos como genocídios, a verdadeira dimensão dessas tragédias passa longe do que nossa imaginação nos oferece a partir de livros e do que professores contam. Infelizmente, há situações tão devastadoras que apenas a nossa presença nos locais onde ocorreram conseguiria fazer com que sentíssemos uma dor minimamente parecida com o que os envolvidos sentiram. Com filmes como Quo Vadis, Aida? (2020), é possível entender melhor o sofrimento causado a pessoas que não mereciam passar por algo tão desumano.
Na década de 1990, a Sérvia invadiu a Bósnia e militarizou diversas regiões. Para tentar sobreviver, cidadãos do país invadido tentaram se refugiar na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) situada na cidade de Srebrenica. O filme acompanha uma tradutora que ajuda nas tensas negociações realizadas no local, numa corrida contra o tempo para tentar salvar sua família.
Sem nunca ser didático ou maçante, o drama proporciona uma experiência impactante do início ao fim, ancorada pela performance magistral de Jasna Djuricic, que nos faz entender cada decisão de sua personagem. Quem também brilha é a diretora Jasmila Zbanic, cuja condução da trama hipnitiza com muita tensão, sem transformar a tragédia em algo miserabilista, sentimental demais, desagradável em excesso ou que faz da situação um espetáculo eletrizante. A cineasta aborda o tema com o máximo de respeito por todas as vítimas, o que culmina em um fim simplesmente devastador.
Assim como o angustiante Filho de Saul (Son of Saul, 2015), o filme sobre o genocídio na Bósnia nos coloca no olho do furação, mostrando como é se sentir preso em um lugar onde a morte é praticamente iminente mas ainda há alguma esperança de sobreviver. Mais do que servir de entretenimento de alta qualidade por algumas horas, filmes como Quo Vadis, Aida? ajudam a estimular nossa empatia e funcionam como um importante relato histórico que homenageia vidas ceifadas de forma desumana.
Nota: 10
