Cobertura 10º Olhar de Cinema – Crítica: A Cidade dos Abismos

Com um olhar humanista, o longa-metragem A Cidade dos Abismos (2021) é como um presente de Natal para cinéfilos brasileiros que gostam de Pedro Almodóvar e David Lynch. Bebendo dessas e de outras influências, o drama dirigido por Priscyla Betim e Renato Coelho exala personalidade a todo instante.

Desde o começo, o filme nos fisga com sua bela fotografia, que às vezes remete ao cinema giallo, e com o poder da história contada pelos diretores. O roteiro parte de um incidente que conecta pessoas marginalizadas em uma noite natalina, proporcionando discussões fluidas e profundas sobre a forma violenta como pessoas trans são tratadas, entre outras questões como luto e indignação pela injustiça cometida contra quem a sociedade tenta ignorar.

Todos os personagens principais são cativantes e bem desenvolvidos. Além disso, as performances vibrantes elevam ainda mais o material. O maior destaque é a atriz e cantora trans Verónica Valenttino, que é uma força da natureza e tem um magnetismo impressionante.

Há algumas inserções poéticas e nem todas se encaixam tanto quanto as demais, mas isso não chega a prejudicar o ritmo desta obra exibida no 10º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba. A melancolia permeia toda a trama, e os cineastas utilizam a cidade onde a história se passa de modo inventivo, homenageando o clássico brasileiro Limite (1931) em algumas cenas e mantendo uma aura parecida com a do charmoso Inferninho (2019), que poderia render uma ótima sessão dupla com A Cidade dos Abismos.

Nota: 9

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