Crítica: Moffie (2021)

No começo dos anos 1980, jovens do gênero masculino precisavam cumprir dois anos de serviço militar obrigatório na África do Sul, ajudando o país a manter o regime do apartheid. Um desses jovens é o foco de Moffie (2021), drama que nos insere no pesadelo vivido por soldados naquele período.

Além de mostrar os detalhes sórdidos do treinamento diário, este filme explora a homossexualidade de alguns soldados, incluindo o protagonista, que faz o possível para esconder seu interesse por homens. Por ser alguém que precisou se anular a vida toda para não ser descoberto, o personagem principal é uma figura mais neutra em relação aos demais, o que é uma escolha coerente do diretor.

O filme possui dilemas muito complexos e interessantes, como o fato de torcermos para um personagem cujo sofrimento não anula sua participação naquele cenário racista, que causou sofrimento a outras pessoas inocentes. Um dos grandes acertos de Moffie é justamente nos lembrar quão injusto e traumático foi tudo aquilo.

Algo que poderia ter sido melhor trabalho é o flashback que nos leva a um episódio da infância do protagonista. Apesar de ser muito importante, a cena poderia ter sido inserida de modo fragmentado ao longo do filme ou em outro momento, para que não parecesse tão aleatória. Ainda assim, trata-se de um belo drama, com imagens requintadas, uma trilha sonora lindíssima e um fim ao mesmo tempo romântico e melancólico, potencializado com o desempenho de Ryan de Villiers, o ator mais impressionante do elenco.

Nota: 8

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