Crítica: Music (2021)

Ao contrário do que muitos pensam, criticar duramente um filme não é uma experiência prazerosa. Cada obra é realizada a partir do trabalho duro de inúmeras pessoas e, por mais talentosas e esforçadas que sejam, nem sempre o resultado reflete isso, por diversos fatores. Quando é claro que as intenções iniciais para contar uma história eram nobres, aí fica ainda mais difícil apontar os vários erros de um filme. É caso de Music (2021), primeiro trabalho cinematográfico dirigido pela cantora Sia.

Filmado em 2017, o drama lançado agora conta a história de uma jovem problemática que precisa ser a responsável por sua irmã com espectro de autismo. Ao longo do filme, vemos como a interação entre as duas vai ajudando a melhorar as atitudes da irmã mais velha, que passa pela recuperação de seu vício.

Aparentemente inofensivo, Music acabou sendo um dos lançamentos mais controversos dos últimos anos graças à abordagem equivocada da diretora. Em um mar de decisões erradas, a principal delas foi a escolha de uma atriz que não faz parte do espectro autista para viver uma personagem assim. A atuação de Maddie Ziegler não ajuda a aliviar a sensação indesejada de desconforto, já que a artista se apóia em cacoetes defasados e ofensivos ao imitar alguém com determinadas limitações.

O roteiro também é bastante antiquado, como uma versão ainda mais piegas e previsível de filmes que mostram uma pessoa sem limitações (físicas ou cognitivas) aprendendo a ser uma pessoa melhor com quem tem limitações, como em Rain Man (1988) e tantos outros. Para dar um toque especial à obra, Sia optou por inserir cenas musicais que refletem os pensamentos e sentimentos de seus personagens. Tais cenas são visualmente interessantes, mas as canções – feitas pela diretora e cantadas pelo elenco – não são impactantes como poderiam ser e nem enriquecem a história como deveriam. E quanto menos falarmos de Sia atuando, melhor.

Para não dizer que o desastre é completo, Music quase convence quando alguns atores entram em cena, e Kate Hudson ao menos tenta entregar um trabalho decente. É uma pena que todos os momentos com Ziegler sejam constrangedores e joguem na nossa cara o desperdício de artistas talentosos.

Nota: 1.5

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