Todo mundo já precisou lidar com uma criança praticamente impossível de controlar, seja um irmão, um colega na escola, um vizinho…A protagonista de Transtorno Explosivo (System Crasher, 2020) é uma menina com dificuldades para conter os próprios impulsos, o que resulta em explosões de violência. O que poderia se tornar uma história maniqueísta acaba sendo um retrato complexo desse problema. Desde a personagem principal até os coadjuvantes que precisam lidar com o temperamento da garota, todos ganham a ambiguidade necessária para a história não cair em julgamentos fáceis.
A cineasta Nora Fingscheidt é a grande responsável por esse equilíbrio, fortalecido pela atuação estonteante da jovem Helena Zengel, que age com naturalidade e nunca aparenta ser mais uma atriz-prodígio atuando como adultos. Os outros atores também estão muito bem, com destaque para os excelentes Albrecht Schuch e Gabriela Maria Schmeide, que interpretam os tutores responsáveis pelo caso.
A diretora também é muito eficaz ao criar uma atmosfera de perigo, deixando a impressão de que algo muito ruim pode acontecer a qualquer instante. Além disso, as cenas dramáticas emocionam sem ser apelativas e sempre nos lembram que, no fundo, trata-se de uma situação extremamente triste. Se o filme tivesse terminado alguns minutos antes do fim escolhido, talvez seu impacto fosse ainda maior.
Nota: 8.5