Crítica: Bem-vindo à Chechência (2020)

Em pleno 2020, um genocídio LGBT+ está acontecendo na Rússia, mais especificamente na Chechênia. Sim, enquanto você lê este texto, pessoas que fazem parte dessa minoria são agredidas, perseguidas, humilhadas, violentadas e, em alguns casos, abduzidas por grupos ligados ao próprio governo. As vítimas são torturadas, estimuladas a denunciar outros gays e muitas desaparecem ou são assinadas, inclusive famosos.

Para expor essa situação gravíssima, o diretor David France fez “Bem-vindo à Chechênia (Welcome to Chechnya, 2020), documentário espetacular que acompanha homossexuais e lutando para tentarem escapar daquela realidade. A odisseia vivida por eles é mostrada de modo assustador, como se estivéssemos vendo um filme de terror.

Para proteger a identidade das vítimas, o cineasta optou por usar a tecnologia deepfake, que altera o rosto das pessoas. É uma decisão acertadíssima e que rende um dos momentos cinematográficos mais arrepiantes e brilhantes do ano, quando uma das pessoas tem o rosto revelado.

O diretor exibe cenas reais de homofobia e tentativas de suicídio, o que pode ser um grande gatilho, mas o incômodo gerado é necessário devido à importância de divulgar exatamente o que está acontecendo lá. Mesmo sendo uma experiência difícil de acompanhar, o filme tem momentos de leveza e até de esperança.

Nota: 9

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