Assim como os outros trabalhos de David Fincher, Mank (2020) é tecnicamente irreparável, desde a fotografia luminosa até a trilha sonora nostálgica, o design de produção impecável e a edição primorosa. Para abordar a criação do roteiro de Cidadão Kane (Citizen Kane, 1941), um dos melhores filmes da história do cinema, esse rigor era mais do que necessário.
Como era esperado, Fincher mostra que dirige como poucos. No entanto, a mistura de homenagem acaba ficando com jeito de exercício intelectual, pois o protagonista não é tão cativante e sua história só é interessante até certo ponto. Além disso, o roteiro acaba não se aprofundando muito na parte história e social daquele momento, deixando tudo na superfície.
O elenco coadjuvante faz um ótimo trabalho, ainda que nenhum dos atores masculinos tenha o bastante para brilhar. Já Gary Oldman não foi a escolha certa, não apenas pela idade, mas porque o tom da sua atuação oscila demais e ele parece não saber se precisa se conter o tempo todo ou se deve fazer uma abordagem mais expansiva. O grande acerto de Mank foi o destaque para a personagem de Amanda Seyfried, que é a alma do filme. Com bastante charme, comicidade no ponto e uma composição sutil, mas que revela muito, a atriz rouba todas as suas cenas, que são as melhores do drama.
Nota: 7